Olho novamente pela janela, mudo de posição uma e outra vez mas a página continua em branco.
Estamos a entrar no plano do ridículo.
Serei a única a considerar as páginas "Sobre mim" um obstáculo tão grande? Estarei a pensar demais?
Talvez. Aliás, é o mais certo.
Posso censurar-me? Afinal, são quase dezassete anos de histórias, de acontecimentos que me tornaram ... bem, "eu". Para além do mais, o que penso deste "eu" é bastante relativo, visto que, ao longo de cada uma das minhas palavras, de cada visita que espero receber no blog, vocês, leitores, tirarão as vossas próprias ilações, iguais ou totalmente díspares das minhas.
Refleti acerca deste assunto à uns dias atrás, como cada pessoa que passa pela nossa vida, influenciando-a de forma mais, ou menos positiva, cria a sua própria imagem de nós. Não que esta seja importante, é só mais uma num mar imenso com que nos deparamos diariamente e, no fim de contas, somos nós que temos de estar em paz com os nossos "eus" e ser felizes à nossa própria maneira.
Mas que "eu" é que vejo ao espelho todas as manhãs?
Um "eu" apaixonado. Sim, apaixonada, por muitos tudos e muitos nadas que me fazem olhar para a minha vida e achar que ela vale a pena. Pela escrita, uma grande dor de cabeça que me faz duvidar de mim aos montes, mas que não trocaria por nada. Pela leitura, porque a única coisa melhor que acabar um bom livro é todo o processo de o ler, de viajar para um mundo novo e o tornar nosso. Por séries, filmes, pela água do mar e o vento a bater-me na cara, por abraços calorosos que me fazem sentir em casa, por todas as coisas que ainda tenho por descobrir. Por momentos que nem sequer são meus mas que fazem as pessoas à minha volta sorrir, por tudo o que já correu mal e que me ensinou tanto como o que correu bem, por me levantar antes das nove, mesmo aos fim-de-semana e por ter estes olhos, que mesmo míopes conseguem ver beleza nos locais mais inesperados. Observadora de ideias fixas, que defendo com o maior dos afincos e uma pontinha de sarcasmo.
Segui o rumo das Línguas e Humanidades e o mais certo é que a vida me leve para o ramo de Direito, ainda que a minha decisão possa mudar e que guarde no meu coração um lugar especial para para a área de ciências, companheiras de infância.
A verdade é que detesto falar de mim mesma, que sou demasiado perfecionista e por isso demoro horas a escrever um post com três parágrafos, mas hey, levanto-me todos os dias de manhã e tenho uma nova oportunidade de ser melhor do que ontem. Sejamos sinceros, todos crescemos um bocadinho mais todos uns dias e, na minha idade, essa mudança é tão rápida e inconstante que se torna complicado acompanhar.
Tenho muita coisa na minha cabeça com uma vontade desmedida de sair por isso stick around, espera para ler mais do que o primeiro post e um "Sobre mim", talvez gostes do que lês.
People themselves alter so much, that there is something new to be observed in them for ever.
As pessoas mudam tanto, que existe algo novo para observar nelas para sempre.
— Mr. Bingley, Pride and Prejudice
Xiá
21.08.2017
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